Publicado em Julho de 2023 pela  AvA Musical Editions 

 

Ca.9 min

PT: Esta suite de peças para ensemble de trompas foi escrita a pedido de Indrė Kuleševičienė. Pode ser tocada como uma pequena suite ou, então, optar por tocar os andamentos separadamente. Alguns andamentos podem ser executados com apenas 4 trompas e, naturalmente, as vozes podem ser duplicadas para dar mais impacto aos efeitos percussivos.

Quando um professor ministra uma masterclass ou reúne alunos de diferentes níveis na mesma classe, frequentemente depara-se com alunos de faixas etárias distintas. Assim, se desejar tocar algo com todos os alunos, será necessário incluir partes que se adequem aos mais novos. Naturalmente, poderá optar por uma peça muito fácil para que todos possam tocar, mas isso pode ser aborrecido para os mais velhos.

Cada aluno tem o seu próprio ritmo, mas muitas vezes situações como masterclasses ou a junção de alunos de diferentes níveis na mesma classe tornam-se momentos em que o aluno “dá o clique" e decide encarar a prática de um instrumento com uma atitude diferente. Quando pergunto a um aluno mais novo como correu uma masterclass, muitas vezes ele não se lembra do que trabalhou individualmente, mas é capaz de descrever entusiasticamente os momentos coletivos. Olhando para o meu percurso, lembro-me de cursos que frequentei há mais de 20 anos e recordo, de forma especial, os momentos de partilha musical coletiva. A música foi feita para ser partilhada, então essas situações acabam por ser marcantes.

O primeiro andamento, intitulado "Rocking", pode ser executado com 4 trompas sem percussão, ou então, adicionando as trompas 5 e 6 para incluir alguns efeitos percussivos no bocal, palmas e batendo com as unhas dos dedos da mão direita na campânula. Os efeitos percussivos no bocal produzirão alturas de sons ténues quando as digitações indicadas forem usadas, sendo mais proeminentes se for utilizada uma tuba wagneriana. Não devem bater com muita força, caso contrário, o bocal pode ficar preso. Basta certificar-se de que a mão está relaxada e veda completamente o bocal. Para executar o tremolo do compasso 31 com maior naturalidade, será necessária uma trompa dupla. No entanto, também pode ser executado numa trompa em fá (F0, F2•3) ou numa trompa em si bemol (0, 1•3).

No que diz respeito ao segundo andamento, intitulado "Song", também aqui podem ser utilizadas apenas quatro trompas, uma vez que as trompas 5 e 6 estão apenas a reforçar algumas passagens destacadas em dinâmicas mais intensas.


A seguir, em "Animal Blues", o andamento começa com uma introdução tensa com acordes dissonantes, antecipando algo dramático. No entanto, a partir da letra A, revela-se apenas um blues com algumas surpresas a partir da letra B. Quando se fala em improvisação, alunos de trompa de todas as idades costumam hesitar. Isso provavelmente deve-se ao fato de que os alunos não costumam vivenciar a improvisação durante a sua formação inicial. No entanto, esta improvisação apresenta contornos diferentes dos cânones habituais e está relacionada com o título do andamento. Aqui, os alunos só precisam imitar animais com a trompa, com base nos cinco exemplos fornecidos, mas têm a possibilidade de repetir a letra B e incluir outros sons de animais. Enquanto isso, os restantes devem manter ativas três partes de acompanhamento, alternando entre momentos em que imitam o som de um animal e momentos em que acompanham os colegas. As indicações de altura dos sons nas passagens em meia válvula são aproximadas, e mesmo nas restantes são apenas exemplos. Surpreendam-me com os sons de animais que conseguirem obter na trompa!

Por último, "Till Eulenspiegel is coming to town" é uma brincadeira inspirada num tema conhecido de Richard Strauss, que recebe um toque azul. Assim como no primeiro andamento, as alturas dos sons nos efeitos percussivos no bocal podem ser destacadas for usada uma tuba wagneriana. Algumas trompas têm passagens para estalar os dedos. Naturalmente, algumas pessoas podem ter dificuldades em produzir esse efeito, portanto, é algo que pode ser substituído por palmas, por exemplo. Na letra D, é a vez de soltarem a imaginação e improvisarem usando as notas da escala de blues. Ciente de que essa tarefa pode ser um desafio hercúleo para os mais novos, incluí algumas linhas melódicas improvisadas que poderão escolher, pois escolher um caminho diferente é o primeiro passo para a improvisação.

Acima de tudo, como é habitual nas minhas obras, o mais importante é que todos se divirtam, algo que será prazeroso tanto para o público quanto para os intérpretes, além de potencializar a aprendizagem.