Peça escrita para o 1º Concurso de Interpretação Arpejo Editora
Dur: Ca. 7'30''
Publicado em Janeiro de 2022 pela Arpejo Editora
Pode ouvir a peça aqui, tocada numa trompa
O repertório para eufónio, especialmente no caso daquele escrito para os mais novos, difere do repertório escrito para alunos avançados e profissionais. Mais do que nunca é importante que este resulte de forma idiomática tirando partido das caraterísticas do instrumento, de forma a conseguir o máximo efeito com o mínimo esforço. Esta é uma área que sempre me interessou e que, aliás foi objeto de estudo da minha investigação de doutoramento. No desafio, que me foi lançado pela Arpejo Editora, foi-me solicitado um conjunto de 5 peças para trompa e piano com dificuldade crescente e que de alguma forma estivesse relacionado com o cancioneiro popular português. Do ponto de vista composicional foi algo muito aliciante dado que uma boa parte do cancioneiro se encontra documentada, ao mesmo tempo foi um desafio visto que grande parte deste cancioneiro assenta em elementos rítmicos e melódicos repetitivos que ganham outra roupagem com a letra. Muito possivelmente, as canções escolhidas não são conhecidas pelos mais novos, que ultimamente têm tido tendência a adotar o cancioneiro de outros países. Pretende-se desta forma dar um pequeno contributo para inverter essa tendência.
“Mirandum se fui a la guerra” (50'') é uma conhecida canção de Trás-os-Montes e Alto Douro que faz referência à Guerra do Mirandum 1762, que surge aqui numa versão lírica. (PLAYALONG)
“Disse o galo prá galinha” (1'14'') é uma lengalenga do Ribatejo, sendo que nesta versão foi adicionada uma pequena cadenza com o propósito de imitar uma galinha, recorrendo à técnica de meia válvula. A cadência pode ser adaptada, expandida, mantendo o caráter cómico. (PLAYALONG)
“Não se me dá que vindimem” (1'12'') é uma canção de vindimas das Beiras (Monsanto). Surge aqui numa versão simples tocada em duas oitavas diferentes. (PLAYALONG)
A visita prossegue na Beira Baixa (Fundão) com “O Milho da Nossa Terra” (2'15'') que é apresentado nesta versão com alguns jogos rítmicos e com o modo lídio dominante, estabelecendo uma relação com a sonoridade das séries de harmónicos dos instrumentos de metal. (PLAYALONG)
Finalmente, a “Carvalhesa” (2') é uma melodia transmontana, tocada habitualmente por uma flauta e percussão. Assim a parte de percussão é executada, percutindo o bocal com dedilhações específicas. Não é necessário percutir com muita força, caso contrário poderá magoar se e até ficar com o bocal preso no instrumento, apenas é necessário que a mão sele completamente o bocal. (PLAYALONG)
Ricardo Matosinhos
Play-along disponível aqui